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A RESSIGNIFICAÇÃO DO HIJAB: apropriação e resistência

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  Por Gilliam Nauman Iqbal* key words: hijab - apropriação - poder - patriarcado - muçulmanas - feminino - resistência - controle    Há alguns dias nos deparamos com o bombardeio nas redes sociais sobre a morte da jovem iraniana, Mahsa Amini, que teria sido abordada de forma violenta pela polícia iraniana por usar trajes e hijab de forma inadequadas. Obviamente que a notícia foi usada à exaustão como forma de endossar o discurso islamofóbico e a retórica de que mulheres muçulmanas são oprimidas. No entanto, há uma versão em circuito de que Mahsa teria sido acometida por um ataque cardíaco no momento da abordagem policial. Independente qual tenha sido a causa morte da jovem muçulmana, o que se conclui é que, mais uma vez, uma mulher morre pelas mãos do patriarcado. Ainda que a morte tenha sido causada por ataque cardíaco, o acidente foi ocasionado por uma forte tensão a que essas mulheres são submetidas a partir da apropriação de seus corpos.    Com a morte da iraniana, retoma-se a ref

Os novos rumos da geopolítica do Oriente, a partir da vitória do Taliban.

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  *Por Gilliam Nauman Iqbal      O evento do 11 de Setembro, talvez seja o ponto de partida mais emblemático para discorrermos sobre o Taliban. Isso porque, os Estado Unidos atribui a autoria do suposto atentado (suposto, tendo em vista que a implosão das torre gêmeas é algo no mínimo esquisitos), à Osama Bin Laden, que se encontrava no Afeganistão neste momento, após sua estadia no Sudão e apoio financeiro e estrutural a este país. O que nos foi contado, é que os Estados Unidos invadiu o Afeganistão para captura de Osama Bin Laden. O que não nos foi contado, é que a época do “ataque” ao World Trade Center, Osama Bin Laden havia se retirado do Sudão, para evitar que os Estados Unidos interferisse e apoiasse um golpe para colocar no poder um governo que seguiria suas orientações, viajando para o Afeganistão a convite de Mulah Omar. A partir da negativa do líder do Taliban, em entregar Bin Laden, os Estados Unidos tem aí o pretexto que queria para invadir o Afeganistão.      Após e

Pandemia acentua necropolítica bolsonarista contra pobres

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     Por Gilliam Nauman Iqbal*   O século XXI está profundamente marcado pela pandemia do coronavírus. Mas, para além da intensa crise sanitária que vivemos, há um aspecto, não menos sútil do que as mais de 280 mil mortes notificadas no Brasil, onde cabe a análise dos sujeitos que ocupam essas estatísticas. A pandemia tornou-se um marcador de desigualdades e processos sociais, capaz de acentuar mazelas e migrar os sujeitos nas estratificações sociais. A análise dos espaços mais afetados pelos surtos da COVID, remetem às zonas nas quais os processos históricos colonialistas podem ser observados.        Quem de fato está mais desamparado socialmente diante do grave período que vivemos? O que os processos históricos apontam, sobre os indivíduos mais afetados pela crise do COVID? A negativa do governo em atuar com políticas emergenciais e planos de ação que minimizem as devastadoras consequências , está relacionada a uma necropolítica (um conceito desenvolvido pelo filósofo Achile Mbem

Cultura do estupro nas corporações: ocupação dos corpos femininos pelo espectro da ditadura

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 A mentalidade corporativa, baseada na proteção de militares que cometem delitos dentro e fora de suas corporações, apenas contribuem para os abusos de poder e as subnotificações de casos de estupro. A falta de punição por vários crimes praticados por policiais militarizados, viabilizado pelo processo de "redemocratização", à época da Ditadura, parece ser uma cultura que se estabeleceu até os dias atuais.  Não há uma mobilização no sentido de se discutir essas práticas. E esse silêncio pode ser interpretado tanto pelo desinteresse da população quanto pelo medo em abordar uma esfera na qual o espectro da truculência e da retaliação se faz sempre presente. Os próprios movimentos sociais silenciam quanto a essa questão e no dever de acompanhar os atos praticados pelas corporações que formam o que ainda são as nossas "forças auxiliares" armadas.  Mulheres seguem sofrendo abuso por parte de policiais, sejam civis ou militares, e isso não deixa de ser um desdobramento do

ASCENSÃO DA EXTREMA DIREITA: uma análise psicológica para além do viés político econômico.

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  Por Gilliam Nauman Iqbal* Nos últimos anos, o mundo vive um fenômeno de ascensão da extrema direita fascista em vários países do globo. Não podemos caracterizar esse fenômeno com iguais mecanismo e formas de se manifestar, nos lugares em que se estabeleceu. Ele assume características particulares em cada lugar e cria um "inimigo" na sociedade onde passa a conduzir e, no geral, faz das minorias, esse inimigo. Assim podemos analisar, por exemplo, a perseguição acentuada a muçulmanos nos últimos tempos, na Europa e Estados Unidos. Essa perseguição pode ser fruto dessa fantasiosa criação de um mal que necessita ser combatido pela representação política direitista conservadora, nacionalista e autoritária, que executa as ações fascistas em suas gestões. Facilmente, a xenofobia, o racismo, o preconceito de gênero e fundamentalismos de toda sorte, são pontos comuns observados nesses governos. A esquerda, comunismo, movimento feminista, minorias religiosas, movimentos de luta por

RESISTÊNCIA DA MULHER PALESTINA: UM FEMINISMO ANTICOLONIAL?

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Por Gilliam Nauman Iqbal* Começamos esse texto citando o dado alarmante apresentado por Soraya Misleh, sobre a privação de liberdade de mulheres palestinas, no exercício da defesa de sua terra e de sua identidade, resistência externada sob as mais variadas formas, além das torturas físicas a que são submetidas. São 48 palestinas privadas de sua liberdade nas prisões de Israel. Soraya nos traz esse dado por meio do relatório produzido pela organização palestina Addameer, um movimento em apoio aos prisioneiros palestinos. Nas constantes tentativas de apagamento de um povo, a limpeza étnica executada pelo Estado israelense não necessita de um grande ato de “rebeldia”, basta apenas nascer palestino e isso se configura em justificativa suficiente para impor castigos, demolições, prisões, bombardeio, assassinatos, terrorismos. A luta dos palestinos para manter sua existência segue incansável há mais de setenta anos, tempo em que a perda de seu território deu espaço a blocos de terra nos quai

PATRIARCADO: UMA IMPOSIÇÃO ÀS LEIS NATURAIS DETERMINANTES DA LIDERANÇA DE QUEM GERA A HUMANIDADE.

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Por Gilliam Nauman Iqbal*  A palavra patriarcado sofreu, ao longo do tempo, uma resignificação. Antes o patriarcado era pensado na perspectiva religiosa da cristandade. Ao fim do século XIX, a palavra se reconfigura como um vocábulo que descreve literalmente, o que seria um sistema ideológico e social de domínio puramente masculino e opressor da mulher. No entanto, há toda uma discussão bem mais profunda sobre isso.  Por muito tempo entendeu-se que uma família ou uma célula social chefiada por um homem, é a forma segura de se garantir uma sociedade "nos eixos", e esta concepção está totalmente atrelada às ideias do patriarca da religião cristã. Mas, independente do contexto histórico, também era possível perceber "arranjos" familiares no modo mater familis, porém sempre visto como um deformismo social, pois a figura masculina sempre foi tida como algo central e necessário à manutenção da ordem, o que deixa implícito que a mulher é agente de caos e desordem, por ser